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Entendendo a ansiedade: Normal ou Patológica?


Quando a ansiedade não é normal
Fotografia: Valentin Angel Fernandez

Dias antes das excursões da escola, eu simplesmente não conseguia dormir. Uma semana antes das provas, meu estômago começava a doer. Uma preocupação infindável nascia em mim. Dores de cabeça, tentativas de controlar as situações para amenizar um “possível perigo futuro”. Quando entrei na fase adulta, isso aumentou. Foi aos 20 e poucos anos que descobri o diagnóstico de TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e comecei a entender melhor como o meu cérebro funcionava em situações que, para muitas pessoas eram consideradas normais, mas para mim, sempre exageradas, preocupantes e que me mantinham em constante alerta. Eu era muito nova quando meus pais perceberam sinais de uma ansiedade incomum em mim. Digo incomum, porque a ansiedade é uma emoção normal que todo o ser humano tem. Por mais que ela tenha sido rotulada como uma grande intrusa, bagunceira, angustiante e incômoda emoção nos últimos anos, acredite: a ansiedade existe em nós por um bom motivo. Afinal, ela é uma ferramenta que nos ajuda a prever o perigo e encontrar as medidas necessárias para lidar com ele.


Quando digo que a ansiedade foi e ainda é muito necessária aos seres humanos afirmo que provavelmente, sem ela, nossos ancestrais teriam morrido muito mais cedo. Mas e no século XXI? Talvez sem ela, não conseguiríamos estudar para aquele teste importante, sermos pontuais para aquela entrevista ou até mesmo nos prepararmos com antecedência para aquela viagem dos sonhos. Mas eis a questão: O que seria, então, uma ansiedade incomum? A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que em 2022 o recorde de pessoas que relataram sofrer com a ansiedade ultrapassam 350 milhões de pessoas. E sabe quem assume o ranking? O Brasil, com 18,6 milhões de pessoas diagnosticadas com algum transtorno de ansiedade.


Para essas pessoas, a ansiedade não é só mais uma emoção. Ela passa a ser o sinônimo de sofrimento. Antes, uma ferramenta de proteção adaptativa, agora desregulada, causa tamanho prejuízo físico, mental, profissional, social e espiritual.

A ansiedade incomum, ou seja, a ansiedade considerada patológica, prejudica em graus desregulados o nosso dia a dia, causando grande incômodo físico e psicológico. De acordo com o DSM-5-TR (Diagnostic And Statistical Manual of Mental Disorders), os transtornos de ansiedade incluem transtornos que, podem ser divididos em vários tipos e que “compartilham características de medo e ansiedade excessivos e distúrbios comportamentais relacionados. O medo é a resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura.” (p. 215). Ou seja, mesmo quando não existe um fato concreto de que algo ameaçador acontecerá, a ansiedade antecipa a situação, fazendo com que o medo seja ativado e estejamos sempre em alerta, prontos para lutar, paralisar ou fugir.


A ansiedade é a irmã do medo. A grande diferença é que a ansiedade está sempre desenhando e imaginando um futuro ameaçador. Enquanto o medo se prepara para lutar ou fugir de ameaças presentes. Alguns estudiosos na área da psicologia citam que a ansiedade é o medo menos primitivo, mais racional e intelectualizado. Enquanto o medo nos prepara para AGIR agora, a ansiedade nos faz pensar - muito - no que poderia acontecer se…


Mas como saber se a ansiedade é patológica?


Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou ansiedade normais por serem excessivos ou persistirem além dos períodos apropriados ao desenvolvimento. Geralmente, esses sintomas excessivos, precisam estar presentes na vida do indivíduo 6 meses ou mais para serem diagnosticados como algum transtorno de ansiedade.

Hoje é muito comum vermos algum vídeo nas redes sociais falando sobre o assunto e logo nos rotularmos como alguém ansioso. Mas o diagnóstico é algo sério, que demanda muitos estudos e precisa ser cautelosamente observado por profissionais da área (psicólogos, psiquiatras..).


Eu acredito que, se você aderiu a esta leitura, é porque você já experimentou ou experimenta algum grau de ansiedade ou, ao menos, conhece alguém que sim. Portanto, antes de partirmos para um próximo assunto, quero te convidar a fazer uma autoavaliação. Afinal, o primeiro passo para aprendermos a lidar a ansiedade, é reconhecendo o quanto ela tem interferido em nossas vidas.


Vamos olhar pra você? Marque sim ou não para os sintomas descritos abaixo:

Avaliação ansiedade

Se a maioria das suas respostas foi SIM e se você sente esses sintomas por mais de 6 meses, considere importante procurar orientação médica e psicológica.



Mariana Baroni

2 Comments


Rodrigo Napoli
Rodrigo Napoli
Aug 04, 2023

Meu amo, te amo muito!

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Giovana Mel
Giovana Mel
Aug 02, 2023

Incrivel começar a manhã com essa leitura fantástica. Muito bom Mari, achei maravilhoso o fato de vc colocar a autoavaliação. seus blogs são bem necessários.

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